Na semana passada, na visita à fábrica da Novo Nordisk, em Montes Claros, o vice-presidente falou sobre a regra das metades e eu fiquei muito impressionada. Nunca tinha ouvido falar sobre este estudo e achei realmente relevante falar sobre ele aqui.

Mas o que é a regra das metades?

Julian Tudor Hart defende em seu artigo "Regra das metades: implicações do aumento do diagnóstico e redução da evasão para carga de trabalho futura e prescrição de custos na atenção primária." que quando falamos em doenças crônicas apenas metade das pessoas que se espera que a tenham sabem que tem a condições. Ou seja, se de acordo com as expectativas temos no mundo 425 milhões de pessoas com diabetes apenas metade delas, 212,5 milhões, sabem que tem a doença. E vocês lembram como é o baque do diagnóstico, né?

Além disso, segundo Hart, desses 212 milhões, apenas 50% receberam o atendimento e a indicação adequada de tratamento. Estão começando a perceber o quanto isso é grave? Diminuímos aquele nosso número para 106,2 milhões de pessoas. Caiu para 25% o número de pessoas que tem diabetes e que pelo menos sabe o que tem que fazer!

Mas piora. No estudo, ainda se comprovou que desses 106 milhões, apenas 50% conseguem atigir as metas do tratamento. Isso quer dizer que ou eles sabem o que devem fazer e não fazem direito (por falta de conhecimento adequado ou ainda por falta de vontade) ou a instrução de tratamento não foi lá das melhores. Nos sobram então, 12,5% fazendo o que é preciso fazer para ter uma vida de qualidade e sem complicações.

E piora mais ainda. Destes 53 milhões, que até atingem a meta esperada (aquela glicemia boa no jejum ou no pós-almoço), somente 50% conseguem realmente atingir os resultados desejados. Ou seja, só 26 milhões tem as glicadas dos sonhos ou ainda aquela variabilidade glicêmica perfeita que vai garantir um futuro decente.

Mas não se assuste!

Sim, é assustador. E não significa que você deve desistir, mas sim parar para pensar. Em que parte da regra das metades você está?

Nunca fez um teste de glicemia? Que tal fazer e saber se tem ou não diabetes. Ficar sem saber e sem tratamento por tempo demais não vai te afastar das complicações, mas sim fazer com que você chegue mais rápido a elas!

Já foi diagnosticado mas ainda não conseguiu passar por um consulta médica, não recebeu as instruções que precisa? Vai atrás! Briga, exerce seu direito à saúde, procure uma associação na sua cidade. Converse com outras pessoas. Só não fique parado esperando o pior!

Sabe o que fazer, mas faz bem num dia e mal no outro? Se perdoa e volta a se cuidar. A gente sabe que nem todos os dias são fáceis, mas o ideia é que a maioria deles seja. Procure ajuda médica se estiver muito difícil, grupos de apoio presenciais ou pela internet, mudança no tratamento se essa for a saída. Mas não larga mão, se cuidar bem é pra você mesmo! Não é pela sua mãe, pelo seu pai, pelos seus filhos, pelo seu médico. É POR VOCÊ!

É por um futuro de qualidade, de realização de sonhos, de amor por si! Eu mesma parei pra refletir sobre o quanto posso ser melhor no meu dia a dia com diabetes! É óbvio que estou bem longe de ser perfeita, mas será que não estou sendo indulgente demais comigo mesma?

E você? Faz tudo o que pode por dias melhores?

Fontes: 
Rule of halves: implications of increasing diagnosis and reducing dropout for future workload and prescribing costs in primary care. - J.T. Hart
IDF Diabetes Atlas 2018