15 de agosto de 2017

[1 2 3 Testando #Minimed640G ] Não, não é fácil começar a usar a bomba

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Hoje completei 15 dias com a bomba. 15 dias que testaram a minha paciência, minha força de vontade e meu autoconhecimento.

Sempre que eu ouvia falar de bomba e/ou sistema de infusão de insulina, a sensação que eu tinha era de que um simples aparelho poderia resolver todos os meus "problemas". Nada de furadas, menos medições e uma série de outras coisas que me levavam a achar que ter uma bomba seria tudo de melhor que poderia me acontecer tendo diabetes.

Ao longo do tempo, conversando e conhecendo pessoas que usavam descobri que não era bem assim. Ter uma bomba exigia mais disciplina, alguns outros cuidados e por aí ia. 

Por isso, quando me chamaram para fazer o teste da 640G eu fiquei super na dúvida. Principalmente porque finalmente meu tratamento estava entrando nos eixos de novo com o duo Tresiba e Humalog. 

Mas blogueiro que é blogueiro encara tudo! Por que como é que eu poderia dizer algo sobre a bomba sem nunca ter usado uma??? Logo eu que defendo que não se fala que não gosta do quiabo antes de comê-lo. Então lá fui meter a cara no desafio, ou melhor, a cânula no subcutâneo.

E percebi de cara algumas coisas que dão um baque inicial e que podem te fazer desistir de usar uma bomba:

1) É muito estranho se sentir um androide! 

Plugue na perna, plugue nos braços. O banho fica até engraçado com tanta coisa grudada na gente. Já fazem 15 dias e eu ainda não me acostumei a passar a mão ensaboada pelo corpo e sentir um troçinho aqui ou acolá. Não, eles não saem com facilidade e nem atrapalham tanto. É só esquisito mesmo! Rs

2) É mais estranho ainda ter que se preocupar com o cabinho a cada ida ao banheiro...

E sim, eu já enrosquei a calcinha no cabinho, já ralei a calça no sensor (e doeu um pouquinho), já esqueci e sai arrastando a bomba pelo quarto... E por aí. Não, não é um bicho de sete cabeças e chega a ser engraçado! Mas é uma preocupação!

3) É preciso ter sangue gelado!

E não estou falando de colocar cateter ou sensor. É sangue gelado para manter a frieza naqueles momentos em que parece que tudo vai dar errado. Eu falei aqui no terceiro dia sobre a importância de ter paciência nas primeiras 36 horas, mas agora percebi que o teste real é entre o quinto e o décimo dia!

Antes do primeiro ajuste estava ruim, depois desandou e só no segundo ajuste é que a coisa começou a andar. Mas ver a glicemia subindo em ritmo de foguete espacial em dia de lançamento rumo ao 400 e meia hora depois caindo que nem pedra do vigésimo andar sem você fazer absolutamente nada É DESESPERADOR!

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Gráfico dos primeiros 14 dias tirado um dia antes do ajuste que finalmente começou a acertar as coisas...

No terceiro dia que isso aconteceu comigo eu cheguei em casa decidida a tirar. Senti que isso não era pra mim e que eu estava estragando o bom tratamento finalmente alcançado com a caneta. Foi difícil, muito difícil sentar, esfriar a cabeça, baixar os gráficos e simplesmente tentar entender o que tinha acontecido. E vou te falar, tem valido a pena. 

4) É preciso ter uma rede confiável e real de apoio

Você vai precisar de gente que te mande engolir o choro e aguentar um pouco mais (valeu, Kath Paloma) e de gente que te dá um abraço por mensagem e oferece até o que não tem direito (valeu, Marina Colaço). Você vai precisar de um bom médico e, mais, que ele seja disponível, seja por telefone, whatsapp ou sinal de fumaça. Você vai precisar de uma ótima educadora, paciente e sempre alto astral (Deus te abençoe, Fernanda). Você vai precisar que sua família simplesmente te deixe tocar um dia de cada vez, sem cobranças, porque você já vai se cobrar o suficiente.

E você vai precisar se fechar um pouco para a rede que nessas horas de inconstâncias e subidas vão te deixar mais pra baixo ainda. Saia um pouco do Instagram, do Face, daquele grupo de diabéticos do Whats. Ver gráficos perfeitos quando o seu está uma merda (desculpem o palavreado) não vai te ajudar em nada!

5) É preciso saber que nem sempre você se conhece o suficiente

Somos seres que mudam todos os dias. Não há autoconhecimento 100%, seu corpo pode e se bobear vai te dar um baile. Eu tive hipers em horários que não tinha e hipos inimagináveis. Errei algumas vezes, tomei e ainda estou tomando na cabeça! Mas cada gráfico no final do dia me ensina algo e que bom saber que eu sempre posso aprender algo! Como diz mesmo o ditado: "é errando que se aprende"! 

Ninguém é obrigado a acertar sempre e faz parte tropeçar. Não se cobre tanto, ainda mais no comecinho do uso da bomba.

6) É preciso ter fé na tecnologia

Além de tudo isso, você precisa acreditar. Acreditar que o ajuste vai funcionar, que você é capaz, que vai dar certo! Porque chega uma hora que dá certo! Chega uma hora que seu gráfico fica lindo e você vai comemorar pra carai!

Mas se não der, relaxa! Não ultrapassa os seus limites! Se respeita! Tem momentos na vida para as coisas. Cada micropasso dado em frente é um baita passo que você deu, que você se superou. Foque no que é melhor para você, lute e siga em frente.

Eu sigo aqui, ainda em busca do gráfico perfeito, mas firme e crendo que é possível.

Aproveito pra deixar aqui o link do depoimento da Juliana Lessa, do blog Insulina Portátil, que também começou a testar e acabou desistindo. Achei lindas as palavras dela de que pode chegar uma hora que a angústia de perder um controle alcançado depois de muito esforço deixa a gente a ponto de arrancar os cabelos. 

E seguimos firmes e fortes!

Tem alguma dica legal com relação ao início do seu tratamento com uma bomba? Deixa aqui nos comentários! Vou adorar ler!

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