Que a glicada não é o único resultado que avalia como estamos tratando nossa diabetes todo mundo sabe, mas que ainda conta e muito o resultado dela... Ah, isso a gente sabe mais ainda...
E o último ano (2015) nesse quesito foi muito, muito decepcionante... Do final de 2014, quando ela estava entre 7,1 e 7,5, minha glicada só foi subindo e subindo, até chegar a 8,3 em março desse ano.
Muitas coisas aconteceram do começo de 2015 até o começo desse ano: mudança de horário no trabalho (e na vida), aumento expressivo do stress no trabalho (cliente beeeem legal #SQN), mudanças na rotina, na alimentação, tentei ir pra academia, parei, fui de novo... Muitos problemas, algumas soluções... Viagens, muitas viagens, trilhas loucas, tirolesas, comidas diferentes...
Foi tanta, tanta coisa e nas glicemias parecia que muito pouco funcionava. Apesar de todo o meu esforço parecia que a solução funcionava apenas por um tempo e depois ia tudo por água abaixo. Eu sempre disse que ter diabetes não é um mar de rosas e tem momentos como esses (em que você sente que está fazendo tudo errado) em que as coisas realmente não são fáceis.
Mas aí peguei o resultado de 8,3 na mão e comecei a pensar o que poderia estar fazendo de errado...
Então depois de um papo com amigas diabéticas e mães de crianças diabéticas percebi que algumas coisas no tratamento poderiam estar erradas e que era hora de tentar algumas mudanças. Antes de mais nada, vale lembrar que eu conversei com a minha médica e ela também achou que as mudanças poderiam ser uma tentativa. Nunca faça alterações no seu tratamento sem consultar o seu médico!
1. Baixar a insulina basal
Quando a gente vê a glicada subindo, a primeira coisa em que pensa é em aumentar as doses de insulina. E foi o que eu pensei que teria que fazer. Mas no papo mencionado, minha amiga Nicole achou que a quantidade de NPH (minha basal) que eu estava tomando era muita comparada com a quantidade de ultrarrápida. Segundo ela, o valor da basal tem que ser menor do que o de ultrarrápida e não o contrário. Eu tomava 35un (25 de manhã e 10 à noite) de NPH e algo em torno de 15un de Humalog por dia.
Foi então que alterei a basal usando o cálculo padrão que multiplica o peso por 0,4 (esse valor pode variar). Por essa fórmula eu deveria tomar no máximo 24 unidades por dia e não 35 como estava tomando. Então passei a tomar 18 un de manhã e 6 à noite.
2. Diminuir o fator de correção da ultrarrápida
A quantidade de ultrarrápida também tinha que aumentar. Então mudei a conta de 1/25, ou seja, cada unidade de humalog corrigia 25 mg/dL de glicose acima do esperado e cada 25 gramas de carboidratos ingeridos, para 1/20.
Só com isso eu já percebi uma baita diferença. Valores acima de 200, chegando perto dos 300, diminuíram consideravelmente. E eu já comecei a ficar bem feliz!
3. Contar direito os carboidratos
E essa foi a última e mais assustadora mudança. Sabe aquilo de bater o olho na comida e pensar: 'Hummm, umas 20g de arroz mais umas 10g de feijão, uns 5g de batata cozida, alface não conta, tomate também não, corrigir os 20 a mais da glicemia, então... 1.. 2... 3 unidades'. Essa era eu toda refeição: no olhômetro tentando calcular o CHO, a glicemia, as correções e comer ao mesmo tempo.
O engraçado é que eu achava que estava fazendo certo. Achava MESMO! Mas aí resolvi voltar a usar o Gliconline, um aplicativo que entre outras funcionalidades tem listagem de alimento e.. CÁLCULO DE BÓLUS DE CORREÇÃO (essa insulina aí que a gente toma pra ajustar).
Pois bem, baixei ele de novo, fiz os ajustes das dosagens (eu tinha uns ajustes muito antigos registrados lá) e decidi que faria os cálculos por lá sempre que possível. Porque a gente sabe que nem sempre dá pra usar o celular.
Logo no primeiro dia, almoço, eu calculei três unidades, o app 9. Isso mesmo, NOVE! Conferi o que tinha colocado de comida lá e fazia total sentido que fosse nove. E eu pensei: Mas gente, como eu pensei que eram três??? E aí que minha ficha caiu! No olhômetro a gente grava valores que nem sempre são os mesmos. Um dia eu calculei que duas colheres de servir de arroz e meia concha de feijão davam três unidades, mas eu estava comendo três colheres de arroz e uma concha de feijão e calculando a mesma quantidade de antes. E eu estava fazendo isso com várias coisas que eu comia com frequência, tomava quantidades por aproximação totalmente erradas.
Então passar a usar o app em vez de me aprisionar acabou me libertando. Agora faço o prato, sento na mesa, meço a glicemia e enquanto vou comendo vou colocando os alimentos e as quantidades (olhando pro prato, sem chutar). No final, o próprio app calcula quanto de humalog eu tenho que usar com base na glicemia antes e na quantidade de carboidratos que eu comi. E aí a coisa começou a entrar nos eixos. (Prometo que vou fazer um post só sobre o app).
E foi assim que de março para junho (fiz os exames no começo dessa semana) a glicada baixou dos sofridos 8,3 para 7,6!!!
Não, não é o ideal. Mas mostra que nem sempre estamos errando porque queremos. Muitas vezes as doses estão erradas, algo que estamos fazendo pode estar errado... Muitas vezes precisamos conversar com outras pessoas, entender o que está havendo e conversar muito com nossos médicos.
Talvez você tenha que mexer em dosagens, trocar medicamentos, mudar a alimentação, contar direito os carboidratos, cuidar melhor do psicológico, fazer mais atividades físicas... São muitas as variáveis e parar para entendê-las faz parte. Quando você encontrar, ajustar e ver bons resultados vai ser fantástico!
Meu objetivo é chegar a menos de 7 até o final deste ano! Para isso desenhei um plano:
a) voltar pra academia: a preguiça está me abraçando, mas eu vou vencê-la
b) cuidar melhor do meu bem estar emocional: o stress me afeta muito e meditar me ajuda, então bora voltar a meditar
c) usar o app mais do que o meu chutômetro: já vimos que eu não sou tão boa nas contas
d) melhorar a alimentação: não tenho comido tanta besteira, mas deixei muita coisa integral, frutas e outras coisinhas de lado que vale a pena voltar a colocar no dia a dia
E rumo aos próximos exames! Que sejam melhores do que estes, mesmo estes já me deixando muito, muito feliz!
E você, como está batalhando para melhorar ou manter a sua glicada?
Olá Luana
ResponderExcluirAdorei o post e o blog. Parabéns.
Sou DM1 há 21 anos (tenho 29) e suas dicas são ótimas, pois as vezes achamos realmente que estamos fazendo tudo certo, sqn.
Heli
Olá, Heli! Que bom que gostou do post e que vem curtindo o blog! Sempre temos que estar atentos, sempre! Rs... Um grande abraço!
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