Antes de mais nada, alerta textão. Me empolguei um pouco neste. Mas vale a pena!
E chegamos finalmente ao último dia dessa aventura. Já teve mal estar (pra não dizer quase morte... hahahaha) por causa da altitude, dores no joelho, adrenalina com a tirolesa, frio, calor, picada de mosquitos (muito mosquitos) e a chegada à civilização.
Durante todo este tempo, as glicemias ficaram em média em 168 com pico de 400 depois das tirolesas e de eu ter esquecido de tomar a insulina. Não tive hipo e nem hiper de passar mal, mesmo essa de 400. Comi o mesmo que os outros, sem diferença. Contei carboidratos, corrigi e medi sempre que possível.
Nada relacionado à diabetes me atrapalhou, nada mesmo. Os problemas que eu tive foram somente físicos: mal de altitude (passei muito mal mesmo no primeiro dia) e dor no joelho (eu torci há um ano atrás e lá ele lembrou que não era dos melhores).
Mas tudo que eu senti ou passei não se compara a superação e ao sentimento de dever cumprido desse último dia. Vocês lembram que eu disse no último post que todos decidiram subir para Machu Pichu de escadas, certo?
E subimos. Acordamos todos às 4h da manhã, pois às 5h tínhamos que estar na portão de entrada para Machu Pichu. A glicemia estava 160 e eu não corrigi, pois sabia que a subida de escada seria dureza. A fila na frente dos portões foi surpreendente para mim. Não imaginava que tantas pessoas optassem por esse caminho sabendo que tem ônibus que faz o percurso (mesmo ele sendo bem caro).
Todos esperando a abertura dos portões para subir a Machu Pichu |
Assim que os portões se abriram, rolou meio que uma correria do pessoal em direção às escadas. Marquei no relógio que eu tinha uma hora para chegar lá em cima, às 6h (horário marcado com o guia para o início do passeio). E comecei a subir.
O percurso das escadas é esse de verde, em preto o caminho percorrido pelo ônibus. |
Parei dois minutos, tempo suficiente para recuperar o fôlego e continuei a subida. Assim fiz por 30 minutos. Subia dez, parava dois, subia dez, parava dois. Então sentei numa pedra e achei que teria que desistir. Respirei fundo, medi a glicemia (143), bebi água e pensei: "Você precisa terminar isso. Precisa mostrar pra você mesma que consegue. Precisa provar que aprendeu algo. Você consegue".
Parece piegas, mas estar lá pensando em desistir de novo me deu aquela raivinha positiva. Aquela raiva que diz que você tem que continuar a qualquer custo. A glicemia estava boa, era só o físico. E o físico é superação. Levantei e continuei subindo. Do outro lado, eu via a outra montanha diminuindo e o pico chegando. Cada nova curva na escadaria e eu achava que ia chegar. Mas não chegava. Eu parava, respirava, tomava um gole de água e continuava. Continuava, continuava, continuava.
Até que uma hora depois, exatamente, fiz uma curva na escada e vi o fim. Minha blusa estava encharcada de suor, minhas pernas queimavam, respiração era praticamente nula, mas eu quase corri. Quase, eu queria muito, mas não rolou... E CHEGUEI!!!
Sabe a cena do Rocky subindo a escadaria e chegando lá em cima triunfante no filme, tipo eu! Naquele momento, naquele minuto eu pensei apenas: "não disse que dava" (tá, foi praticamente um 'chupa, universo'). Meu primo me olhou com cara de incredulidade, nem ele acreditou que eu conseguiria, ninguém achava. Mas eu consegui!
Só aquela sensação já bastaria para o meu dia. Só aquilo já teria me deixado feliz. Mas aí eu peguei a fila, apresentei meu ingresso e entrei em Machu Pichu. E aí foram os cinco minutos mais valiosos da minha vida. Estar lá no alto, depois de tudo, olhando tudo aquilo e respirando aquele ar. Que sensação! De paz, de recompensa, de redenção.
Ah, a glicemia? Medi pouco antes de entrar: 123. Ainda muito boa depois de tudo aquilo. Ficamos lá na cidade Inca, andando, aprendendo sobre eles, respirando aquele ar. Sentamos na grama, tiramos fotos juntos, tocamos nas paredes. Foi mágico!
Depois de umas quatro horas lá subindo e descendo, tocando e tudo o mais era hora de voltar. Optamos pelas escadas, afinal, como diria a minha mãe e desculpem o palavreado, o que é um peido para quem está cagado. Descemos lentamente, conversando sobre toda a viagem, sobre os perrengues, os bons momentos, as surpresas.
De volta a Águas Calientes, almoçamos pizza com cerveja para comemorar tudo. Medi e estava 150 (tinha comido uns lanchinhos lá em cima), corrigi com ultrarrápida e tudo ok. Pegamos o trem de volta para Ollantaytambo e de lá uma van para Cusco. Foi como voltar pra casa. E aí foi só descanso e guardar nas lembranças esses momentos todos, tão lindo, tão duros, tão legais e de tanto aprendizado.
Mas não vai achando que os posts do Mochilando acabaram. Acabou só Salkantay! Infelizmente. Mas ainda tem histórias dos hostels, das comidas, do Salar Uyuni... Aguardem!
Leia os outros posts da série:
Preparação
Dia 1: Superação
Dia 2: Respeito aos limites
Dia 3: Recompensa
Dia 4: Adrenalina
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Luana que delícia encontrar seu blog.
ResponderExcluirAchei ele por acaso em pesquisas sobre mochilão e diabetes, seus relatos me inspiram, já li toda essa primeira parte, e aguardo os demais posts relacionados a viagem ansiosa.
Tenho 26 e sou diabética desde os 06, o fato de ser diabética sempre me trouxe sede de viver e provar pra todos que eu conseguiria fazer tudo aquilo que me diziam que não dava.
Em dezembro de 2014 fiz meu primeiro mochilão rumo ao Chile, conheci Santiago, o Deserto do Atacama e parti para o salar de uyuni, sem dúvida a maior e melhor experiência da minha vida.
Estou planejando um mochilão para Peru em 2017, e tenho certeza, depois de ler o que você escreveu,que vai dar tudo certo.
Beijos
Camila
Olá, Camila! Que delícia receber esse seu comentário, isso sim! Depois de Salkantay eu fui pra Bolívia e fiz Uyuni e Atacama também, além de Santiago é claro. Adorei tudoooo! Muda a cabeça da gente, a alma e o coração. Faz Peru sim, você vai amar!
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