[Mapa do Descaso] Saldo do primeiro mês, apenas o primeiro passo



Por Luana Alves

O Mapa do Descaso foi criado no dia 14 de Novembro, Dia Mundial do Diabetes, como uma maneira de mostrar que há sim situações de descaso com os pacientes com diabetes no Brasil. E não são poucos.

Contando apenas com depoimentos espontâneos, em um mês, o mapa registrou 111 casos.



Esse primeiro mapa mostra a concentração de casos. O estado de São Paulo se destaca com 45 casos (40,5% dos registros), seguido por Rio de Janeiro com 16 denúncias e Minas Gerais com 13. Quinze dos 26 estados brasileiros participaram dessa primeira fase.



O mapa abaixo, mais completo, mostra os tipos de denúncia e onde elas estão localizadas pelo Brasil. Clicando em cada círculo há um descritivo de casa caso:



Os dados só corroboram o que todos as pessoas com diabetes no Brasil já sabem: falta atenção a quem tem a doença. Falta atendimento médico de qualidade, falta estrutura de apoio nos hospitais e ambulatórios, falta responsabilidade da rede pública de distribuição de medicamentos e insumos, falta tratamento mais eficaz e falta respeito ao portador.

A diabetes é uma doença crônica que mata 8 pessoas por segundo no mundo, segundo dados da IDF. Segundo o Ministério da Saúde, a mortalidade por diabetes subiu 38% em uma década. Além disso, registros mostram que essa doença mata quatro vezes mais do que a AIDS no Brasil.

Mesmo assim, o número de pacientes continua crescendo. Órgãos de saúde preferem gastar mais tratando complicações do que tratando a doença. Um paciente com tratamento adequado vê diminuída exponencialmente as chances de desenvolver qualquer complicação.

Por isso, o que se quer é tratamento justo e adequado. Tratamento de qualidade. Médicos que saibam com o que estão lidando, que conheçam os pormenores da doença. Secretarias de saúde com medicamentos mais avançados e entregues na data certa e na quantidade correta.

Com essa finalidade o mapa foi feito e será atualizado até que autoridades percebam a importância de políticas públicas adequadas, que atendam essa população que já ultrapassa a faixa dos 13 milhões no país.

Ajude você também a dar voz ao mapa. Dê seu depoimento em bit.ly/mapadodescaso

Fontes:
http://veja.abril.com.br/noticia/saude/mortalidade-do-diabetes-sobe-38-em-uma-decada-no-brasil/
http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2012/11/13/diabetes-mata-4-vezes-mais-que-aids-no-brasil-mostra-balanco-do-ministerio-da-saude.htm
http://economia.ig.com.br/2012-11-16/paciente-com-diabetes-no-brasil-gasta-r-59-mil-por-ano-com-tratamento.html

Luana Alves

Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!

3 comentários:

  1. Luana querida, que trabalho importante esse que você está fazendo de diagnosticar os problemas com o tratamento do diabetes no Brasil a partir dos depoimentos dos pacientes. Esse primeiro resultado mostra também que há poucas queixas de pacientes com diabetes tipo 2, ou seja, a política pública está voltada para o padrão (diabetes tipo 2 corresponde a 90% dos casos), o que não está de acordo com a diretriz da integralidade e da universalidade do SUS. Mostra também que regionalmente temos um problema sério no Estado de São Paulo de descontinuidade do tratamento com fornecimento de medicamentos (mas que também pode mostrar que pacientes de SP fizeram mais registros, considerando também o contingente populacional do Estado - neste caso, seria possível apresentar dados de acordo com a população com diabetes em cada Estado?). Quanto aos insumos, existem dados mostrando quais são esses insumos que mais faltam? Essa resposta faz diferença, porque fitas, lancetas e seringas em regra são distribuídas pelos municípios, e os demais em regra pelos Estados (com exceção daqueles fornecidos por municípios em função de ações judiciais). Pelo mesmo motivo, acho que também seria interessante especificar unidade básica de saúde municipal e unidade dispensadora do Estado quando se menciona posto de saúde. Enfim, parabéns pela iniciativa! Hoje vou retirar meus medicamentos, e se tiver problemas com o atendimento, conte com o meu registro pro mapa! Abração.

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    1. Olá, Débora, que bom que gostou do levantamento. Ele ainda é uma ideia inicial. Então, como não busca ser científico, mas mais humanitário, não abrange tantos pormenores. Obrigada pelas sugestões que tentarei incluir em, quem sabe, um Mapa do Descaso 2 - A Missão. Alguns dados já tenho nesse levantamento e vou procurar uma forma de incluir nos próximos textos. Um grande abraço!

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