Olá, pessoal
Continuando a saga de contar algumas coisinhas que rolaram no encontro, vou abordar neste post mais um tópico da palestra da Dr. Ana Merzel, psicóloga do Hospital Albert Einstein.
Como eu já disse aqui, ela falou sobre os desafios de se expor na internet relacionando os pontos positivos e negativos. Um ponto positivo é o de botar pra fora o que estamos sentindo, que no meu caso foi o principal fator para começar a escrever o blog.
Mas ela falou ainda sobre as fases do luto e como essa teoria se aplica ao período do diagnóstico. Me identifiquei tanto que resolvi mostrar para vocês. Vamos lá:
1ª fase: Negação - Lembro direitinho de quando suspeitei que tinha Diabetes. Tinha em minhas mãos um exame de glicemia jejum de 293 mg/dl. Sabia que o normal era menos de 99 mg/dl, mas só pensava "até parece". Sabia pouco da doença, mas nem o exame e umas pesquisas no Google me convenciam de que eu era mesmo diabética. A palavra nem combinava comigo. Pensei que não era e pronto...
2ª fase: Raiva - Mas aí minha perguntou para um médico amigo dela que sentenciou: É diabetes! No mesmo dia ele passou uma listinha de alimentos que eu NÃO poderia comer e um remédio. Em casa, depois de alguns dias medindo glicemias que não baixavam e não comendo quase nada cai no choro. Fiquei com tanta raiva por estar passando por aquilo. Revoltada, eu só pensava: "Nem gosto de doce, sou uma boa pessoa, porque Deus está fazendo isso comigo? Por que comigo?"
3ª fase: Barganha - Percebendo que não tinha jeito comecei a torcer para pelo menos não ter que tomar insulina. Sempre tive pavor de agulhas e era uma ideia que simplesmente não entrava na minha cabeça. Barganhei: "ok, eu me alimento direitinho, tomos os remédios, mas insulina não, por favor".
4ª fase: Depressão - Não adiantou, era tipo 1 e menos de um mês depois do diagnóstico eu comecei a me aplicar as injeções. Todos os dias, pelo menos duas vezes. Além dos cinco furos no dedo e ter que pensar antes de comer. Era como entrar em uma redoma, não dava vontade nem de falar sobre o assunto com os amigos e os familiares. Era um martírio. Dia após dia...
5ª fase: Aceitação - Até que um certo dia pesquisando no Google li a história de um senhor que não tinha se cuidado e que por causa disso tinha que fazer hemodiálise... Pensei em todas as consequências que poderia ter que enfrentar no futuro e decidi: vou ter só Diabetes. Vou cuidar bem dela, ter uma vida "normal" e não desenvolver nenhuma sequela. Desde esse dia sou SÓ uma diabética. Como qualquer coisa (com os devidos cuidados, é claro), vou a festas, me divirto, trabalho, namoro... Tenho uma vida. Procuro sempre o melhor pra mim tanto em tratamento quanto em alimento. Me exercito, vou nos médicos periodicamente e faço todos os exames sempre que precisa.
Passar por essas fases, na minha opinião, foi muito importante. Aprendi muito sobre mim mesma nesses pouco mais de dois meses. Sofri, chorei, xinguei, ri de mim mesma... Levantei a cabeça e segui em frente.
Desde que você entenda que dá pra viver sim, que basta aprender como, vale chorar e sentir raiva. Vale se trancar um pouco no quarto e achar que é injustiça. Vale o aprendizado.
Mas se já se passaram anos e ainda não rolou uma conclusão do ciclo, talvez seja a hora de pedir a ajudar de um profissional. Aceitar uma doença crônica é um dos primeiros passos para um tratamento adequado! #ficadica
Bjinhus
Luana Alves
Tenho mania de escrever e de ver sempre o lado bom das coisas. Com diabetes desde 2010, acredito que uma vida controlada e divertida é possível sim. Jornalista, creio que posso ajudar os outros a acreditar também. Que saber mais sobre mim? Clica aqui!
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